sábado, 27 de outubro de 2012

Museu do Bonsai em Sintra - Uma réplica da Natureza


Reportagem publicada em 2005 - Jornal Notícias da Manhã


Chegar a Sintra, ou ao Monte da Lua, como também é conhecida, é como entrar noutra dimensão, noutro tempo, noutro mundo. Além da herança preciosa de cargas históricas e edifícios seculares, quem passa pela “vila mais romântica de Portugal”, deslumbra-se com o ar que se respira, com o som do vento e com o rosto que ganham as velhas árvores. Contudo, bem na entrada daquela localidade existe um lugar carregado de magia e de beleza mística, que há cerca de 20 anos retrata a história da generosidade da natureza – um local apelidado de Museu do Bonsai

Com a Serra de Sintra como cenário apelativo, o Museu do Bonsai, situado na estrada Chão de Meninos, transmite calma, paz, e ao mesmo tempo, uma energia gratificante a quem o visita, pela primeira vez, ou a quem opte por torná-lo um sitio de referência. Neste espaço, ao som de música oriental, os visitantes têm à sua disposição centenas de bonsais, de diversas espécies (laranjeiras, pinheiros, entre outros), rodeados por belos jardins, por um lago e por uma cascata onde o murmurinho da água enfeitiça os ouvidos de qualquer um. A ideia de um centro inovador e relaxante partiu de ideia de Marco Rodrigues, um sintrense com raízes moçambicanas. “Tudo surgiu de uma forma involuntária. Há 20 anos, eu e o meu pai fundamos um centro de jardinagem”. Com o passar do tempo, movido pela curiosidade, Marco começou a importar da Holanda pequenas quantidades de Bonsais. A curiosidade deu lugar à paixão e através da simpatia sentida pelas “árvores em vaso” (tradução da palavra bonsai), Marco passou a receber mais quantidades. “Começamos com uma prateleira, depois seguiu-se uma estufa pequena e mais tarde um jardim”. Há cinco anos, o adepto da arte de Bonsai, tomou uma opção que viria a mudar a sua vida. “Foi precisamente a 1 de Janeiro de 2000 que o meu pai passou-me por completo o centro. A partir desse momento, comecei a dedicar-me inteiramente aos bonsais”. Inspirado na sua criatividade e na sua imaginação, o proprietário do museu resolveu torna-lo num espaço mais atraente. “Há dois meses remodelei o centro. Para tal criei uma queda de água, um lago, e jardins, elementos que completam a beleza artística dos bonsais”, conta.
 Mas afinal o que são as chamadas “árvores em vaso”? “O bonsai é tal e qual o que há na natureza. São árvores em ponto pequeno e tudo o que há de arvores há em bonsai”. Porém o seu significado espiritual é bem maior. Na tradição chinesa e japonesa ter um bonsai em casa representa levar para o lar os bons fluidos. Apesar de os portugueses “irem muito em modas”, para Marco o principal motivo que leva as pessoas a comprarem este tipo de árvore é pela paz que comunicam. “As pessoas adquirem este tipo de arte devido ao relaxamento que transmite, mas também, porque podem assim ter um bocadinho da natureza em suas casas”, explica. Porém, a energia, a paz e a beleza que aquele espaço difunde são os elementos chave do sucesso deste centro pitoresco. “Tenho aqui clientes que vêm para cá aos fins-de-semana, passando o dia inteiro a cuidar dos nosso bonsais, é sem dúvida uma forma de aliviar o stress”, conta entusiasmado.
No museu os preços variam de acordo com a espécie e idade do bonsai, havendo para todos os gostos e carteiras. “Temos bonsais de 10 euros até sensivelmente aos 20 mil euros. As sementes rondam os 4 euros”.

Ar e Água - elementos fundamentais 
Como reflexos da natureza, os bonsais necessitam de ter cuidados essenciais como o ar e a água. “Há aqueles que vêm dos países tropicais que não podem apanhar neve, gelo e ventos frios. Depois existem os bonsais originários do norte do Japão, da Europa, (típicos bonsais do exterior), que já estão habituados a estas alterações climatéricas”. Apesar de esta arte requerer muita dedicação e paciência, Marco exalta que qualquer pessoa pode ter um bonsai. “É necessário saber que precisam de arejamento, quando a terra começa a ficar clara é um indicio que necessitam de água, sendo mais fáceis de cuidar do que qualquer tipo de planta”, salienta, acrescentando que um dos pontos fundamentais para a sua manutenção refere-se à escolha do local onde será mantido.
Para além destes cuidados, os bonsais existentes no museu estão livre de vitaminas e de outros tratamentos líquidos, pois segundo o proprietário as vitaminas viciam-nos levando à morte. “Na natureza as árvores alimentam-se de matéria natural sendo unicamente esses elementos naturais que damos aos nossos bonsais”.
O seu museu de valor inestimável, é para Marco muita mais do que um simples trabalho, é uma paixão, um gosto, uma arte viva correspondendo a uma fonte inesgotável de inspiração e meditação. “É uma arte milenar que me acompanhará até ao fim da minha existência”, conclui. 

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